Há várias expressões pra definir aquele tipo de trampo que não exige muito das capacidades intelectuais do executor, mas as que eu mais ouvi foram corno job e monkey job - ou trabalho de corno e trabalho de macaco, dependendo da presença ou não do complexo de inferioridade internacional na sua empresa. A minha tem, então vou com os termos em inglês.
Eu não gosto de monkey job porque acho que é subestimar demais a inteligência do bichinho. É achar que ele só consegue fazer esse tipo de trabalho porque é muito imbecil. Estão errados: macacos são capazes de cagar na própria mão e tacar na cara do bróder do outro lado que se acha inteligente mas tá maravilhado vendo um bicho preso numa gaiola. Opor-se ao establishment também é sinal de inteligência.
E o corno job, bem... ele se aplica. Não que faça muito sentido prático se pensarmos no aspecto intelectual da coisa, mas se encaixa perfeitamente quando vemos sob o prisma do constrangimento: ser chifrado é basicamente a segunda maior humilhação que uma pessoa pode sofrer (a primeira é horrível demais pra ser dita num blog sofisticado como esse), e é por aí que funciona com o trabalho de corno.
Você se prepara bastante pra fazer um bom trabalho. Estuda, faz faculdade, faz cursos, conversa com profissionais da área, lê sobre todos os assuntos relacionados na internet e etc. E quando você está lá e quer dizer pra todos que está fazendo um baita trabalho legal, que não só vai aumentar o faturamento da sua empresa como por seu nome no olimpo dos especialistas naquele ramo de negócio, na verdade você está colorindo células no Excel ou copiando e colando milhares de arquivos para o novo ambiente virtual de compartilhamento de informações e toda essa merda.
Todo mundo quer fazer a diferença. Mas há muito mais trabalho besta que revolucionário a fazer, e não há outra saída a não ser fazer toda essa bobagem sem sentido que só precisa de um otário e um piloto automático. É quando você percebe que não é tão importante, que não é o cara que vai fazer a empresa respirar aliviada por contar com tamanha expertise. A vida corporativa é uma infinita sucessão de bigornas esmagando o orgulho do trabalhador, e não adianta chorar por isso.
Você pode, claro, se opor e jogar bosta na cara do patrão - no sentido figurado, pelo amor de deus. Arriscar seu emprego por aquela coisa que alguns idealistas chamam de respeito próprio é uma atitude apreciada por líderes empresariais. Mas lembre-se que, depois disso, vai precisar enfrentar a própria mediocridade e fazer um trabalho acima da média pra fugir do corno job, ou vai ficar muito, muito chato.
Melhor não, né?
3 comentários:
Por acaso voce trabalha na Imensa Bola de Manga ?
Corno-job forever, essa é a vida corporativa :)
Eu ja joguei bosta na cara dos patroes e fui demitida kkkkkk mas nao me arrependo o momento foi magico!!!
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