segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Corno job

Há várias expressões pra definir aquele tipo de trampo que não exige muito das capacidades intelectuais do executor, mas as que eu mais ouvi foram corno job e monkey job - ou trabalho de corno e trabalho de macaco, dependendo da presença ou não do complexo de inferioridade internacional na sua empresa. A minha tem, então vou com os termos em inglês.

Eu não gosto de monkey job porque acho que é subestimar demais a inteligência do bichinho. É achar que ele só consegue fazer esse tipo de trabalho porque é muito imbecil. Estão errados: macacos são capazes de cagar na própria mão e tacar na cara do bróder do outro lado que se acha inteligente mas tá maravilhado vendo um bicho preso numa gaiola. Opor-se ao establishment também é sinal de inteligência.

E o corno job, bem... ele se aplica. Não que faça muito sentido prático se pensarmos no aspecto intelectual da coisa, mas se encaixa perfeitamente quando vemos sob o prisma do constrangimento: ser chifrado é basicamente a segunda maior humilhação que uma pessoa pode sofrer (a primeira é horrível demais pra ser dita num blog sofisticado como esse), e é por aí que funciona com o trabalho de corno.

Você se prepara bastante pra fazer um bom trabalho. Estuda, faz faculdade, faz cursos, conversa com profissionais da área, lê sobre todos os assuntos relacionados na internet e etc. E quando você está lá e quer dizer pra todos que está fazendo um baita trabalho legal, que não só vai aumentar o faturamento da sua empresa como por seu nome no olimpo dos especialistas naquele ramo de negócio, na verdade você está colorindo células no Excel ou copiando e colando milhares de arquivos para o novo ambiente virtual de compartilhamento de informações e toda essa merda.

Todo mundo quer fazer a diferença. Mas há muito mais trabalho besta que revolucionário a fazer, e não há outra saída a não ser fazer toda essa bobagem sem sentido que só precisa de um otário e um piloto automático. É quando você percebe que não é tão importante, que não é o cara que vai fazer a empresa respirar aliviada por contar com tamanha expertise. A vida corporativa é uma infinita sucessão de bigornas esmagando o orgulho do trabalhador, e não adianta chorar por isso.

Você pode, claro, se opor e jogar bosta na cara do patrão - no sentido figurado, pelo amor de deus. Arriscar seu emprego por aquela coisa que alguns idealistas chamam de respeito próprio é uma atitude apreciada por líderes empresariais. Mas lembre-se que, depois disso, vai precisar enfrentar a própria mediocridade e fazer um trabalho acima da média pra fugir do corno job, ou vai ficar muito, muito chato.

Melhor não, né?

3 comentários:

Anônimo disse...

Por acaso voce trabalha na Imensa Bola de Manga ?

Wallace Espindola disse...

Corno-job forever, essa é a vida corporativa :)

Anônimo disse...

Eu ja joguei bosta na cara dos patroes e fui demitida kkkkkk mas nao me arrependo o momento foi magico!!!