sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Novo na firma

Emprego novo é sempre uma coisa excitante e divertida: nova empresa, novos desafios, novos coleguinhas, novo café. Tudo é mágico e pronto pra ser descoberto: qual o melhor caminho pra ir para o trabalho? Qual o humor do novo chefe? Qual a carga de trabalho que está à espera? O Orkut é bloqueado?

Porém, há um turbulento intervalo entre o deslumbramento precoce (esse do parágrafo acima) e a óbvia constatação de que tudo é a mesma merda: é aquele momento que vai da hora em que você pisa na empresa pela primeira vez até a hora em que você se adapta completamente ao novo ambiente.

Primeiro tem o lance de você ser apresentado aos novos companheiros. Estou há pouco mais de três anos na minha empresa e vejo pessoas novas chegando toda semana. De um lado, o estreante está lá, todo duro, vestido de maneira pouco adequada (formal demais) pro lugar, pensando como deve cumprimentar as pessoas - um aceno de longe, um "corpo a corpo"? E as mulheres, aperto de mão ou beijinho no rosto? - e imaginando o que essas outras pessoas estão pensando ao olhar pra ele. Não, amigo, essas outras pessoas não estão pensando "puxa, tomara que ele venha para agregar para a empresa! *soco pendular paralelo ao corpo*". Elas estão rindo do seu desconforto e pensando em quanto tempo você vai durar até ser totalmente esmagado. Essa é uma batalha que você já começa perdendo, por uma larga desvantagem.

E tem a hora em que o trabalho começa pra valer. As pessoas que estão trabalhando com você não leram seu currículo, não participaram da sua entrevista. Elas não sabem o que você sabe, o que você não sabe, o que você gosta e o que você quer aprender. Elas simplesmente vão te enfiar informação e trabalho goela abaixo e esperar que isso esteja feito no mesmo prazo (ou até menos!) que uma pessoa totalmente adaptada ao lugar faria.

Esse período de adaptação é difícil, e há várias maneiras de lidar com ele. Tem aqueles que forçam a barra, que já querem ser amigões desde o começo. Riem alto, tocam nas pessoas, contam histórias, batem no peito e gritam "deixa que eu faço!". Não seja um desses, eu os odeio. Tem os tímidos, que ficam recolhidos e esperando que o assunto alguma hora aponte pra ele - nunca pedem o jogo, nunca -, e que bem, bem lentamente vão entrando no ritmo - toda batalha é um jogo de paciência, afinal de contas. E tem os meio termo, gente nem tão expansiva e nem tão retraída, que tende a conseguir um melhor equilíbrio entre tempo de adaptação e aceitação popular.

Tem também outras coisas que podem ferrar nesse período: se o seu salário é maior que o dos outros (e isso de alguma maneira não fica tão sigiloso quanto deveria), se seu cargo é maior que o dos outros, se você é gostosa (há uma divisão aí), ou qualquer outra característica que você tenha que seja potencial alvo de inveja alheia.

Não há fórmula mágica para essa parte embaraçosa e obrigatória na carreira, e o negócio acaba sendo mesmo seguir a voz do seu coração. De maneira metafórica, evidentemente, porque todo mundo vai te odiar se você tiver um coração que fala de verdade.

Acabei de ter uma ideia, com licença.

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