quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Reunião

Um dos clichês mais comuns do cinema sobre as pessoas que tem cargos importantes numa empresa é aquele que mostra o personagem numa sala de reunião imensa, com vários outros engravatados, normalmente alguns japoneses. Mas, a gente sabe, isso não é exclusividade de chefia.

Tem gente que adora reunião. Acha que é um bom jeito de perder um tempão do dia trocando uma ideia com outras pessoas - porque trabalho é um troço muito solitário, né. E também tem gente que detesta, porque reuniões sempre - deixe-me por um pouco mais de ênfase nisso: SEMPRE - descambam pra longe do assunto principal.

Eu entendo que permanecer focado sozinho já é um tanto difícil, e isso piora quando se tem um monte de gente atrapalhando ao redor. Mas é inacreditável o fato de que nunca na história uma reunião tenha ido do começo ao fim sem desviar pra coisas que não tem nada a ver. Elas começam falando sobre atitudes emergenciais pra corrigir a grande cagada feita na semana passada e lá no meio já tem gente dando dicas de bons lugares pra viajar perto de São Paulo. Isso quando não vão pra outros assuntos do próprio trabalho, mas que não tem nada a ver com o assunto em pauta.

Ao mesmo tempo em que reuniões podem ser internas, com uma equipe hierarquicamente desprivilegiada - o que tende a deixar as coisas mais relaxadas e agradáveis -, pode ser também com um cliente ou a diretoria da sua empresa. Aí, negão, o bicho pega. Porque você tem que se vestir de jeito tal, sentar de jeito tal, falar de jeito tal; se for um almoço de negócios, tem que pedir um prato legal, nada de ovo com guaraná. Reuniões desse tipo são como um grande flerte, com a (cruel) desvantagem de que não há nenhuma chance de alguém comer alguém no final.

Há também as teleconferências (ou até vídeo conferências, para os punheteiros tecnológicos), que eliminam boa parte do estresse da apresentação visual (e tem o lado bom de você poder fazer careta enquanto a voz do outro lado se pronuncia - não tem preço) e do deslocamento, mas são estranhas pra burro. É raro você ver alguém que sabe se comportar direito numa reunião dessas: sempre tem um curvado e gritando para o telefone. Muito profissional, muito elegante, muito bacana.

Reuniões podem ser um bom jeito de integrar uma equipe, mas quando acontecem em grande quantidade viram um pé no saco. Eu sei, é chique atender o telefone e dizer "desculpe, estou no meio de uma reunião". Uau, ele está no meio de uma reunião! Mas tem gente que assiste filme demais e acha que se passar o dia inteiro com os cotovelos numa mesa e falando abobrinha pra outras pessoas que deveriam estar trabalhando ele vai automaticamente ser importante e relevante para a corporação.

Deixa eu explicar uma negocinho: reunião demais e férias de menos não fazem de ninguém um trabalhador melhor. Pode parar de se gabar, queridão ;)

3 comentários:

Antonio Brito disse...

Padula,

Nessas suas lautas férias, leia o "Odeio Reuniões". É um clássico. Ilustrado, se não me engano, pelo Jaguar. Escrito por um gringo que já passou muitas horas em reunião e em retiros estratégicos da empresa ...

Exemplo que me lembro:

Reunião estratégica em off site (que é um nome lindo para "fora do escritório em uma estância paradisíaca"):
8h30: Recepção
9h30: Café
11h00: Palavras do presidente
11h03: Apresentação das amenidades do resort
11h20: Torneio interdepartamental de Golfe
13h00: Almoço
15h50: Cafezinho
16h00: Planejamento das atividades do dia seguinte
16h02: Torneio interdepartamental de Golfe
17h30: Happy hour - open bar

Antonio Brito disse...

Achei o livro! E umas citações:

http://www.serendipidade.com/2005/10/26/as_reunioes_e_suas_elucubracoes/

... e junte o pessoal na próxima reunião para assistir este vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=BOyEnE0N42E

Abraço

Thiago Padula disse...

Estão vendo, pessoal? É isso que eu espero de vocês, leitores desse blog: proatividade!

É legal ser chefe =)