quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Café

Assim como outras modalidades de sofrimento contínuo (ex. Vida), o cotidiano no trabalho precisa de algumas janelas para a gente abrir e se jogar respirar. E, ao contrário do álcool, há uma bebida mágica e de efeito poderoso que pode ser ingerida durante o expediente: o café.

Confesso: não sou fã do líquido negro. Sendo um pouco menos eufemístico, não gosto mesmo. Sou uma espécie de careta corporativo. Porque é exatamente isso que o café representa: uma droga. Quando a máquina da empresa quebra eu consigo ver estampado e piscante nos rostos dos colegas os efeitos da abstinência. O mau humor, a falta de concentração, a falta de vontade de viver. O café é o melhor amigo do assalariado.

Mais que isso, ele também promove a comunhão entre os coleguinhas. E é, entre os quatro elementos socializantes fundamentais (café, happy hour, cigarro e almoço), o único que ocorre sob o teto da penitenciária. A menos que sua empresa tenha um refeitório, claro. Mas o círculo que se forma em volta da copa é outra das coisas pelas quais o café é tão importante: muitas vezes, é a única oportunidade que algumas pessoas tem de interagir.

E já que a comparação óbvia do café é com uma droga, natural imaginar que essas conversas tendam à psicodelia. Começa sempre com amenidades (feriado na praia, reforma em casa, campeonato brasileiro) e daqui  a pouco já estão citando todas as maneiras diferentes de matar uma chinchila. É nessa hora, o momento em que o freio da postura corporativa quebra, que a coisa começa a ficar interessante: conversas sobre intervenções cirúrgicas no pênis, relatos de atrizes pornô na balada desafiando a anatomia com objetos policiais, decupagem e interpretação de clássicos da música popular. Não tem limite, não tem regra, só o prazer subversivo bobo.

Sempre me lembro do menino dopado que saiu do dentista e pergunta "is this real life?". Não é, Dave, e não é, amigo viciado em café. Agora toca a trabalhar de novo, porque falta muito pra sexta-feira.


Tema do post sugerido pelo Fernando, vulgo Fininho ;)

4 comentários:

Danizinha disse...

hahahhahah curti Padulets... curti.
Aqui no trampo a copa eh disputadíssima (sim, o local q tomamos café mesmo). O povo do mkt só vai em bando, pq a copa está sempre dominada pelo pessoal de TI (acho q eles nao tem mto o q fazer)...

this is the real life...

Rodrigo Domingues disse...

Grande Pagodula,

O café é sim a droga (legalizada) essencial para a vida dos Fulanos e Beltranos corporativos, eu mesmo sou um fã, viciado, apaixonado, ..., por café!

Agora, em TI o café é mais que uma bebida, é um combustível essencial para a vida dos geeks, como já disseram em algum lugar, um programador é uma máquina de transformar café em linhas de código. Mais interessante ainda é saber que uma das linguagens de programação mais utilizadas no mundo, o Java, tem uma xícara de café como logo e leva o nome de uma ilha na indonésia que produz um café com mesmo nome. Da pra ver o quanto o café é importante para os seres da caixa preta.

Abraço Padula.

Thiago Padula disse...

Tá explicado, Dani? =P

Tati disse...

Olá Thiago, quanto tempo. O marido e eu demos muita risada deste texto. Vc está cada dia melhor.