Confesso: não sou fã do líquido negro. Sendo um pouco menos eufemístico, não gosto mesmo. Sou uma espécie de careta corporativo. Porque é exatamente isso que o café representa: uma droga. Quando a máquina da empresa quebra eu consigo ver estampado e piscante nos rostos dos colegas os efeitos da abstinência. O mau humor, a falta de concentração, a falta de vontade de viver. O café é o melhor amigo do assalariado.
Mais que isso, ele também promove a comunhão entre os coleguinhas. E é, entre os quatro elementos socializantes fundamentais (café, happy hour, cigarro e almoço), o único que ocorre sob o teto da penitenciária. A menos que sua empresa tenha um refeitório, claro. Mas o círculo que se forma em volta da copa é outra das coisas pelas quais o café é tão importante: muitas vezes, é a única oportunidade que algumas pessoas tem de interagir.
E já que a comparação óbvia do café é com uma droga, natural imaginar que essas conversas tendam à psicodelia. Começa sempre com amenidades (feriado na praia, reforma em casa, campeonato brasileiro) e daqui a pouco já estão citando todas as maneiras diferentes de matar uma chinchila. É nessa hora, o momento em que o freio da postura corporativa quebra, que a coisa começa a ficar interessante: conversas sobre intervenções cirúrgicas no pênis, relatos de atrizes pornô na balada desafiando a anatomia com objetos policiais, decupagem e interpretação de clássicos da música popular. Não tem limite, não tem regra, só o prazer subversivo bobo.
Sempre me lembro do menino dopado que saiu do dentista e pergunta "is this real life?". Não é, Dave, e não é, amigo viciado em café. Agora toca a trabalhar de novo, porque falta muito pra sexta-feira.
Tema do post sugerido pelo Fernando, vulgo Fininho ;)
4 comentários:
hahahhahah curti Padulets... curti.
Aqui no trampo a copa eh disputadíssima (sim, o local q tomamos café mesmo). O povo do mkt só vai em bando, pq a copa está sempre dominada pelo pessoal de TI (acho q eles nao tem mto o q fazer)...
this is the real life...
Grande Pagodula,
O café é sim a droga (legalizada) essencial para a vida dos Fulanos e Beltranos corporativos, eu mesmo sou um fã, viciado, apaixonado, ..., por café!
Agora, em TI o café é mais que uma bebida, é um combustível essencial para a vida dos geeks, como já disseram em algum lugar, um programador é uma máquina de transformar café em linhas de código. Mais interessante ainda é saber que uma das linguagens de programação mais utilizadas no mundo, o Java, tem uma xícara de café como logo e leva o nome de uma ilha na indonésia que produz um café com mesmo nome. Da pra ver o quanto o café é importante para os seres da caixa preta.
Abraço Padula.
Tá explicado, Dani? =P
Olá Thiago, quanto tempo. O marido e eu demos muita risada deste texto. Vc está cada dia melhor.
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