sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Happy hour

Pesquisas comprovam: a partir das 16h30 da sexta-feira o índice de concentração dos trabalhadores cai 1400%. Claro que essa não é uma pesquisa verdadeira, assim como ninguém precisa de uma pra saber que isso é verdade. E não é só pelo fim de semana que se anuncia (nossa pequena migalha semanal de sossego e libertação), é também pelo happy hour.

Como faz parte da cultura desse blog explicar todos os termos que se apresentam, mesmo que sejam amplamente conhecidos, vamos lá: happy hour (ou HH, porque tudo na vida corporativa precisa de uma sigla) é aquele espaço de tempo entre o fim do expediente e o coma alcoólico em que acontece uma animada reunião dos colegas, normalmente em volta de uma mesa de bar, com o intuito único e simples de exorcizar o estresse da semana, ou ao menos afogá-lo em cerveja.

Há alguns aspectos interessantes que diferenciam o happy hour corporativo daquele que você faz com seus amigos. O primeiro, claro, é que você não está com seus amigos. Por mais intimidade e proximidade que você tenha com aquelas pessoas, o vínculo que os une ainda é o trabalho. O que não chega a ser um problema, visto que como você passa a maior parte do seu dia na empresa, em teoria você tem mais assunto pra falar com os colegas do que com os amigos. E é aí que entra o segundo aspecto interessante: é (ou deveria ser) proibido falar de trabalho no bar.

Se os happy hours da sua empresa costumam tratar de assuntos corporativos, sofrido leitor, alertar-lhe devo: vocês estão fazendo errado. Tuderrado. E o motivo é muito simples: não dá pra falar de trabalho e ser happy ao mesmo tempo. O assunto sempre fica pesado, as pessoas começam a por pra fora suas frustrações, e quando se vê tem uma grande nuvem roxa de amargura chovendo mágoa na sua cerveja. Sei que esse é, em boa parte, o papel do álcool, mas não é o papel do happy hour. Quer desabafar, pega uma garrafa e vai pra casa, que é lugar de bêbado triste.

Outra característica interessante desse evento (e talvez a segunda mais importante) é poder conhecer direito as pessoas que trabalham com você, ver que por trás daquela gravata e daquela barba bem feita há um filho da puta que trai a namorada ou uma coitada que não consegue mais pagar as prestações do carro. O trabalho envolve a gente com uma imensa armadura, cheia de dispositivos que disparam mensagens de eficiência e palavras difíceis, e é sempre bom largar esse peso desconfortável dentro do escritório.

O legal é que esses momentos são os mais propícios para gerar algum tipo de afeto com as outras pessoas, o que ajuda a suavizar a competitividade besta a que todo mundo acaba sendo submetido das nove às seis. Sei que não é um campeonato muito acirrado, mas dá pra arriscar que os happy hours são a melhor coisa da vida corporativa.

Depois do dia do pagamento, evidentemente.


Tema do post sugerido pela Simone ;)

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom! Continuo adorando o que escreve, parabéns! Grande abraço, grande Padula! Gregolin (Agora carioca, há um bom tempo), rs.